Investigação RISE identifica “recentes avanços” no prognóstico de embolia pulmonar

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Doença provoca cerca de 300 mil mortes por ano em toda a Europa

Um estudo desenvolvido pelo Laboratório Associado RISE – Rede de Investigação em Saúde, através do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa (CCUL), identificou novos avanços na previsão de diagnóstico em doentes com embolia pulmonar aguda, doença que provoca, aproximadamente, 300 mil mortes por ano em toda a Europa.

De acordo com os investigadores, a estratificação de risco de doentes permite a gestão da patologia, uma vez que o processo “determina a necessidade de acesso urgente à terapia de reperfusão para pacientes de alto-risco e identifica os pacientes de baixo-risco que podem ser tratados em casa”, explicam, acrescentando que a gestão da embolia pulmonar continua a ter de enfrentar um desafio: o tratamento de pacientes de risco intermédio.

No trabalho publicado na Kardiologia Polska (Polish Heart Journal), os investigadores identificam a necessidade de desenvolver mecanismos de identificação de pacientes de alto e baixo risco, assim como a reestratificação de doentes de risco intermédio, uma vez que “este subgrupo de pacientes tem um maior risco de deterioração hemodinâmica e de mortalidade hospitalar”, pode ler-se no documento.

“Os tratamentos estão bem definidos para os doentes de baixo e alto risco. Os doentes com risco intermédio estão numa zona cinzenta e por isso existem ainda algumas dúvidas sobre o que fazer com alguns doentes. Há doentes que, não tendo as características de alto-risco, têm características que os aproximam desse patamar”, esclareceu Daniel Caldeira, investigador CCUL@RISE, mencionando que “o desafio é saber se os pacientes de risco intermédio poderão evoluir de forma parecida aos doentes de alto risco ou se poderão beneficiar das terapêuticas a que estes são submetidos”.

Segundo os autores, os resultados clínicos, biomarcadores, imagem cardíaca e eletrocardiograma são, atualmente, os instrumentos usados para o prognóstico da embolia pulmonar. Contudo, referem a necessidade de conciliar estes mecanismos com outros parâmetros de avaliação.

Na visão de Daniel Caldeira, “uma das grandes oportunidades que existe nesta patologia é a possibilidade de juntar todos estes elementos utilizando novas tecnologias, como por exemplo a Inteligência Artificial. Mais cedo ou mais tarde, poder-nos-á dar uma ajuda a identificar alguns doentes que à partida têm um prognóstico menos bom e poderão evoluir de forma favorável, permitindo também a personalização da terapêutica”.

De acordo com os autores, o risco de sangramento deverá também ser um dos fatores de prognóstico desta patologia. A existência de pacientes com cancro deverá ser igualmente encarada como um mecanismo de prognóstico já que “aproximadamente 80% dos pacientes com embolia pulmonar causada por cancro morreram um ano após o follow-up”, esclarecem.

Neste sentido, e tendo como objetivo a minimização da mortalidade, o estudo defende que a gestão da embolia pulmonar esteja apoiada em prognósticos a longo prazo e na redução do risco de tromboembolismo venoso, que “aumenta em 10% durante o primeiro ano após a interrupção de medicação anticoagulante e 30% em cinco anos”, tal como é referido no artigo.

Na visão dos investigadores, a utilização de Inteligência Artificial, através de modelos de aprendizagem automática poderá ter também impacto na embolia pulmonar aguda e nos pacientes, nomeadamente através do seu prognóstico.
“A Inteligência Artificial poderá ajudar a identificar alguns doentes que à partida têm um prognóstico menos bom e poderão evoluir de forma favorável, permitindo a melhor estratificação dos doentes e a personalização da terapêutica”, concluiu Daniel Caldeira.

Além de Daniel Caldeira, Fausto J. Pinto, Beatriz Valente Silva, Cláudia Jorge e Miguel Nobre Menezes, investigadores CCUL@RISE e do Centro Académico de Medicina de Lisboa, o estudo “How to predict prognosis in patients with acute pulmonary embolism? Recent advances”, contou com a participação de Rita Calé, do Hospital Garcia da Orta.