Notícias / Estudo liderado pela RISE-Health revela que COVID-19 prolongada pode afetar até 26% dos adultos
Prevalência da doença e sintomas pode comprometer a saúde mental e física dos pacientes.
Entre 10 a 26% dos adultos que contraem o vírus SARS-CoV-2 podem apresentar COVID-19 prolongada, afetando a sua saúde mental e física. Este é um dos principais resultados de um estudo desenvolvido por Lígia Pires (ULS Algarve) e liderado por Joana Berger-Estilita, investigadora responsável do grupo CriticalMed da unidade de investigação RISE-Health (RISE-Health@RISE/FMUP).
De acordo com o estudo publicado na revista Medicine, COVID-19 prolongada é “altamente heterogénea”, podendo apresentar sintomas neuropsiquiátricos, tais como fadiga, depressão, ansiedade e disfunção cognitiva. A dispneia, palpitações, anorexia, mialgia e artralgia fazem também parte dos sintomas mais frequentes entre pacientes.
“Além disso, fatores de stress psicológico, como medos relacionados à doença, estigma e isolamento social, podem contribuir para o desenvolvimento e a persistência desses sintomas”, pode ler-se no artigo liderado por Joana Berger-Estilita e Lígia Pires.
De acordo com as investigadoras da RISE-Health, existe uma “associação significativa entre os doentes com doença aguda grave e um aumento da dificuldade em realizar as atividades diárias, aumento da ansiedade e aumento da perceção de dor”, explicam, mencionando que “também foi encontrada uma correlação negativa entre a intensidade de fadiga e a qualidade de vida, ou seja, quanto maior a perceção de fádica menor a qualidade de vida”.
O estudo, que contou com a participação de 208 pacientes com COVID-19 prolongada, destaca a fadiga como um dos sintomas predominantes e com uma forte ligação à ansiedade e à depressão. “Os nossos dados sugerem um padrão inesperado: casos menos graves de COVID-19 relataram níveis mais elevados de fadiga persistente meses após a infeção”, apontam os especialistas.
Segundo as investigadoras da unidade de investigação RISE-Health “ao realizar a distinção entre fadiga física e mental pós-COVID, é possível fazer intervenções terapêuticas dirigidas a estes sintomas”, sendo por isso necessário adotar “uma abordagem multidisciplinar destes doentes que inclua não só a avaliação das queixas físicas, mas também as alterações mentais para se poder fazer intervenção precoce e melhorar a qualidade de vida destes doentes”, concluem.
O trabalho científico “Association of acute COVID-19 severity and long COVID fatigue and quality of life: Prospective cohort multicenter observational study” foi liderado pelas investigadoras Joana Berger-Estilita (RISE-Health@RISE/FMUP) e Lígia Pires, tendo ainda como autores Ana Marreiros, Cátia Saraiva, Cláudia Reis, Djamila Neves e Cláudia Guerreiro. José Boleo Tomé, Maria Inês Luz, Margarida Isabel Pereira, Ana Sofia Barroso e Jorge Ferreira também assinam o artigo.
Lucía Méndez González, Armin Moniri e Marta Drummond também integram a equipa de investigadores deste trabalho científico internacional.
O presente trabalho científico foi desenvolvido no âmbito da tese de doutoramento da investigadora Lígia Pires, orientada por Joana Berger-Estilita, investigadora RISE-Health.
RISE-Health
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