Investigadores RISE-Health apontam exercício físico como solução para reduzir efeitos da quimioterapia em pessoas em tratamento oncológico

Prática de exercício físico melhora a qualidade de vida em pessoas em tratamento oncológico.

 

Uma equipa de investigadores liderada por Carla Sílvia Fernandes (RISE-Health@RISE/ESEP), em coautoria com a enfermeira e estudante de doutoramento Anabela Amarelo em Ciências de Enfermagem do ICBAS, analisou o impacto do exercício físico na neuropatia periférica induzida pela quimioterapia, uma patologia que afeta cada vez mais pessoas em tratamento oncológico e desafia “doentes, as suas famílias, profissionais de saúde e o próprio sistema de saúde”, pode ler-se no artigo.

“A neuropatia periférica induzida pela quimioterapia é uma complicação que altera a função dos nervos periféricos, compostos por fibras motoras, sensoriais e autonómicas, responsáveis por  diferentes funções”, explicam as especialistas da unidade de investigação RISE-Health, esclarecendo ainda que “ao administrarmos determinados fármacos antineoplásicos, estes podem causar danos nas fibras nervosas periféricas, o que se traduz em sintomas sensoriais, como dormência nas mãos e nos pés e, em casos mais graves, fraqueza muscular.”

Segundo o estudo, “esta complicação pode surgir no seguimento do tratamento de diferentes tipos de cancro, nomeadamente cancro da mama, colorretal, gastrointestinal, do testículo e cancros do foro sanguíneo”, podendo, a nível motor, afetar o equilíbrio e a força dos membros inferiores, fatores que “aumentam significativamente o risco de queda”, lê-se no trabalho científico.

De acordo com Carla Sílvia Fernandes  e Anabela Amarelo (RISE-Health@RISE/ESEP), a prática de exercício físico é “central”, assume um papel preponderante na prevenção da neuropatia periférica induzida pela quimioterapia, promovendo a oxigenação tecidular, o fortalecimento muscular e a melhoria da coordenação motora.

Na visão das especialistas, “a prática de programas de exercício combinados, incluindo resistência, força, equilíbrio e controlo sensório-motor demonstra resultados favoráveis na redução de sintomas da neuropatia periférica provocada pela quimioterapia, dor neuropática e funcionalidade e qualidade de vida”.

“Um dos problemas da neuropatia periférica induzida pela quimioterapia  é o facto de, para já, não existir nenhum fármaco totalmente eficaz, nem na prevenção, nem na neuropatia já instalada”, apontam as investigadoras, vincando que “o exercício estruturado antes, durante e após os tratamentos é a intervenção que apresenta resultados que podem ajudar a recuperar a funcional que poderá estar perdida”.

O artigo “Effects of exercise programs on chemotherapy-induced peripheral neuropathy in cancer survivors: An umbrella systematic review”, publicado no Journal of Bodywork & Movement Therapies faz parte de uma parte do trabalho científico desenvolvido por Anabela Amarelo no âmbito do seu doutoramento em Ciências de Enfermagem e conta com a coautoria de Carla Sílvia Fernandes (RISE-Health@RISE/ESEP), Bruno Magalhães, Nuno Araújo e Andreia Filipa Capela Marques como autores.

A iniciativa científica prevê também o desenvolvimento da PASSiON Care – Physical Activity, Sensorimotor Support, and Interactive Oncology Care, uma aplicação desenvolvida em coautoria com Marta Campos Ferreira, do INESC TEC, e que permite acompanhar e prestar apoio a pessoas em tratamento oncológico.