Investigador RISE-Health identifica evolução no diagnóstico e tratamento de doença cardíaca de origem desconhecida

Doença incurável e com origem desconhecida afeta, maioritariamente, crianças e jovens.

 

Uma equipa de investigadores internacionais identificou evoluções no diagnóstico e tratamento da fibrose endomiocárdica (EMF), uma patologia cardíaca incurável e com origem desconhecida que afeta, principalmente, crianças e jovens das regiões tropicais de África, Ásia e América do Sul, e que já chegou à Europa.

De acordo com o estudo liderado por Paulo Correia de Sá, investigador do RISE-Health e professor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (RISE-Health/ICBAS-UP), a incidência da patologia nestas regiões e a sua relação com a pobreza são conhecidas, no entanto, é necessário explorar “os fatores genéticos e ambientais (epigenéticos) que podem explicar a distribuição global da doença”, pode ler-se no artigo publicado na renomada revista Nature Reviews Cardiology.

Atualmente, o rastreio populacional e o diagnóstico inicial da fibrose endomiocárdica (EMF) em regiões endémicas, como as áreas subdesenvolvidas da África Subsariana, “é baseado nas características clínicas e em critérios ecocardiográficos específicos, tendo em consideração as  restrições económicas e o acesso aos cuidados de saúde, as características sociodemográficas dos doentes, a literacia em saúde dos intervenientes e a estratificação do risco da doença face a fatores desencadeantes”.

Além de rever a epidemiologia e os avanços mais recentes no diagnóstico e tratamento da EMF, o estudo desvenda novos alvos moleculares associados à fisiopatologia da doença que já motivaram alterações na abordagem clínica e cujo desenvolvimento poderá conduzir ao aparecimento de biomarcadores não invasivos precoces, bem como à descoberta e/ou recondicionamento de fármacos capazes de modificar o curso natural da fibrose endomiocárdica. Este processo, permite o desenvolvimento de um melhor diagnóstico, tratamento da patologia e, consequentemente, à melhoria da “sobrevida dos doentes, evitando a necessidade da sua submissão à endocardiectomia, uma cirurgia cardíaca muito exigente e difícil de realizar naquele contexto”, esclarece o especialista.

Segundo o investigador do RISE-Health, “a melhoria das condições socioeconómicas e sanitárias dos países em vias de desenvolvimento tem contribuído para o declínio da doença em certas regiões endémicas”, sendo necessário apostar no combate destes fatores.

O artigo “Endomyocardial fibrosis: recent advances and future therapeutic targets” foi liderado por Paulo Correia de Sá, investigador do RISE-Health e professor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (RISE-Health/ICBAS-UP). Os especialistas Ana O. Mocumbi, Viviane Tiemi Hotta, Gene Bukhman, Ntobeko Ntusi e Magdi H. Yacoub também assinam o estudo.