Notícias / Investigador RISE-Health propõe novas técnicas de diagnóstico para a insuficiência cardíaca
Propostas vão permitir melhorar o diagnóstico precoce da patologia cardíaca.
Um trabalho científico, liderado por João Pedro Ferreira (RISE@RISE-Health/FMUP), investigador da Unidade RISE-Health e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), identificou potenciais novos mecanismos de diagnóstico para a insuficiência cardíaca (IC), doença que afeta cerca de 700 mil portugueses.
De acordo com o artigo científico intitulado “Screening for Undiagnosed Health Failure: A Viewpoint”, devido à “subjetividade dos sintomas de insuficiência cardíaca e a impraticabilidade da realização de testes de marcha em todos os doentes, são necessárias estratégias mais fáceis, inclusivas e generalizáveis”, colmatando assim o impacto da doença cujas “taxas de sobrevivência não registaram melhorias substanciais nas últimas duas décadas”.
Segundo o especialista da RISE-Health, tal acontece porque, entre outros fatores, “os exames complementares, como o ecocardiograma, não são padronizados e, portanto, existe uma grande variabilidade no relatório, o que pode deixar dúvidas ao clínico que está a ver o doente”, esclarecendo que este fator, juntamente com a prática de exercício físico – como caminhar – por parte dos pacientes, conduz “a subdiagnóstico e, consequentemente, subtratamento”.
“Propomos uma abordagem muito mais simples, inclusiva e generalizável que consiste em procurar critérios para início de terapêutica modificadora de prognóstico. Neste âmbito, os inibidores da SGLT2 são pilares no tratamento da insuficiência cardíaca, diabetes mellitus, e doença renal crónica com e sem diabetes. Assim, qualquer pessoa doente com suspeita de insuficiência cardíaca, diagnóstico de diabetes mellitus e/ou doença renal crónica deve receber tratamento com estes inibidores. Depois, a abordagem diagnóstica deve continuar por período de 3 a 6 meses, assegurando que o tratamento não é atrasado durante as investigações adicionais, podendo, posteriormente, haver indicação para outros tratamentos ou intervenções. Esta abordagem iria permitir um melhor tratamento de milhões de pessoas em todo o mundo, potencialmente reduzindo hospitalizações, mortalidade e gastos em saúde”, esclarece João Pedro Ferreira.
No artigo, os autores realçam ainda o papel que a Inteligência Artificial poderá ter ao agilizar o recurso ao eletrocardiograma nos cuidados primários de saúde. “A Inteligência Artificial vai mudar completamente o paradigma da abordagem da insuficiência cardíaca porque vai permitir a obtenção de imagens, como o ecocardiograma, guiadas com relatório em tempo real e predição de diferentes tipos de insuficiência cardíaca com base num eletrocardiograma, exame que é de baixo custo”, concluíram, acrescentando que esta tecnologia vai “permitir a monitorização dos doentes fora do ambiente hospitalar”.
O artigo “Screening for Undiagnosed Health Failure: A Viewpoint”, publicado no Journal of Cardiac Failure foi liderado por João Pedro Ferreira (RISE@RISE-Health/FMUP), contando também com a autoria de Faiez Zannad, investigador da Universidade de Nancy.
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