Notícias / Nova Unidade de Investigação RISE-Health apresenta-se publicamente
Cerca de 300 investigadores de todo o país juntaram-se na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), no dia 28 de junho, para participarem na 1.ª Reunião de Trabalho da nova Unidade de Investigação RISE-Health, nascida da fusão de duas Unidades de Investigação sediadas na FMUP, o CINTESIS e a UnIC, às quais se juntaram o MedInUP e o CICS – Universidade da Beira Interior.
Foi com “uma pontinha de orgulho” que o diretor da FMUP fez as honras da “casa” aos investigadores desta nova Unidade, que é já “a maior do país” no número de pessoas que a integram, de acordo com dados da candidatura.
Falando na cerimónia de abertura, Altamiro da Costa Pereira sublinhou que esta será uma Unidade “mais robusta” e que poderá ser ouvida mais facilmente “em Lisboa”.
Para o presidente da AICIB – Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica, a Unidade RISE-Health está a ter um papel “notável” ao juntar as pessoas, constituindo “uma fonte de inspiração”. Respondendo a um repto do diretor da FMUP para ser um “catalisador” de fundos, Nuno Sousa assegurou que a sua intenção é colocar a investigação clínica “na agenda”.
No seu discurso, o coordenador do RISE-Health, Fernando Schmitt, começou por pedir uma salva de palmas ao “anfitrião e mentor desta ideia”, Altamiro da Costa Pereira, que protagonizou um dos momentos mais emotivos deste evento.
Para o líder da Unidade, esta é uma “grande oportunidade” para “mudar a investigação clínica em Portugal”, que está “claramente subfinanciada”. Fernando Schmitt já se havia referido, no início do evento, à necessidade de construir uma “ponte” sobre o “abismo entre a investigação básica e a investigação clínica”, de modo a aproximar estes dois universos”.
Também o vice-reitor da Universidade do Porto, Pedro Rodrigues, fez o elogio deste “projeto absolutamente invulgar e sem paralelo em sinergias e vontade”, que apelidou de “navio” e de “porta-aviões”, acreditando que será capaz de “congregar esforços” e ganhar “a dimensão necessária” para responder aos problemas das pessoas e para angariar financiamento internacional.
A cerimónia de abertura contou também com a participação dos representantes de algumas das instituições de Ensino Superior parceiras do RISE-Health, nomeadamente da Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP), da Universidade da Beira Interior (UBI), da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico do Porto (ESS-IPP) e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Estiveram ainda presentes representantes de vários polos da Universidade do Porto (Faculdade de Farmácia, Faculdade de Medicina Dentária e Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar), da U. Madeira, da U. Fernando Pessoa, da Escola Superior de Saúde do IP Santarém, da Escola Superior de Saúde de Santa Maria, entre outros.
Luís Carvalho, presidente da ESEP, reconheceu que “o ponto de partida é extremamente elevado”, mas que juntos haverão de fazer “mais e melhor do que a soma das partes”. A trabalhar já num “envelope financeiro” para o RISE-Health está Emídio Gomes, reitor da UTAD. Já Cristina Prudêncio, presidente da ESS-IPP, confessou o orgulho da sua instituição por fazer parte desta “rede”, enquanto Sílvia Socorro, Vice-Reitora para a Investigação, Inovação e Desenvolvimento da UBI, intitulou a nova Unidade como “baluarte do que pode ser a investigação em Portugal”.
Durante a manhã, os sete coordenadores das sete Linhas Temáticas (LT) tiveram oportunidade de apresentar os seus objetivos e a sua estrutura, coincidindo na perspetiva translacional da investigação, da molécula à cabeceira do doente, dos estudos in vitro às amostras de biobancos, com o foco nos resultados clínicos e na contribuição para a saúde e para um verdadeiro impacto na sociedade. Todos evidenciaram, igualmente, a importância das infraestruturas, das equipas multidisciplinares, dos estudantes e da articulação com o ensino.
O atual responsável pela LT1 – Clinical and Translational Research in Cardiovascular Sciences disse que se sentia a falta de “uma voz a nível nacional que chamasse a atenção para a necessidade de valorizar a investigação clínica”. Adelino Leite Moreira, professor da FMUP que coordenou a UnIC, unidade que esteve ao longo de 30 anos “exclusivamente dedicada a estreitar” o chamado “vale da morte” entre as ciências básicas e clínicas.
Elsa Azevedo, também professora da FMUP, apresentou a L2 – Neurosciences, que coordena, e cujo principal foco é o sistema nervoso, em particular a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças que o afetam. Luís Taborda Barata, professor da UBI, falou como coordenador da LT3 – Hormones, Infection, Inflammation & Metabolism, sublinhando que a missão é “ir da molécula à comunidade e de volta à molécula” no estudo dos mecanismos e subtipos de doença, biomarcadores, diagnóstico e monitorização, resposta aos tratamentos e resistência aos antimicrobianos.
Cristina Granja, professora da FMUP, que lidera a LT4 – Hospital care & clinical outcomes, partilhou o seu entusiasmo devido à “imensa adesão dos colegas médicos”, incluindo jovens a iniciar a carreira clínica, tendo elencado alguns dos projetos nacionais e internacionais em que a sua Linha está envolvida, caso do SESAM SIM University 2024, recentemente ganho por uma equipa da FMUP.
Paulo Correia de Sá, coordenador da LT5 – Clinical Translational on Drug Targets and Innovative Biomedicines, referiu-se aos recursos humanos e às “infraestruturas diferenciadoras”, criados ao longo dos anos, que serão o “caldo de cultura” essencial para “quebrar o gap” entre ciências básicas e clínicas.
Coordenando a LT6 – Digital Transformation, Artificial Intelligence, Data andDecision Sciences in Health, Luís Azevedo reafirmou a aposta na transformação digital, inteligência artificial, ciência de dados e decisão em saúde para assumir um lugar de liderança na definição de políticas de saúde mais adequadas, baseadas na evidência e centradas nas pessoas. Finalmente, Elisa Keating, responsável pela LT7– Community Care & Prevention, afirmou que, apesar das restrições ao recrutamento de pacientes, a comunidade está “permeável”, e que os “constrangimentos do financiamento” são a grande ameaça à investigação clínica, que considerou como “órfã” no nosso país.
Este evento incluiu ainda reuniões de quatro grupos de trabalho – Infraestruturas, Recursos Humanos, Formação Avançada e Internacionalização –, que começaram a dar os primeiros passos, como explicou António Soares, diretor executivo do RISE-Health.
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